Esta
semana fiquei sabendo da existência de uma igreja para homossexuais e o uso de
uma bíblia específica que norteia as práticas espirituais no templo de Deus. Verdade
ou não, este fato me chamou a atenção. Parei para pensar na capacidade de
inventividade humana e o quando este livro, que chamam de sagrado, é fruto
desta capacidade. Com todo o respeito que as crenças alheias e as religiões merecem,
este notícia reforçou, em mim, a ideia de que este manual de práticas
espirituais e matérias não é senão uma invenção muito bem elaborada pela mente
humana. Um livro sagrado que contém todos os códigos de conduta para guiar os
comportamentos humanos, com isso direcionar as almas para o bom caminho e o
encontro com o ser supremo. A salvação. Ah, a salvação! Quem não a quer, tendo
em vista a consciência de culta que a todos atormenta. Vivemos no mundo marcado
pela separatividade, exclusão-reclusão, inclusão mal sucedida e segregação. Se
não conseguimos juntar todos do planeta Terra ao menos trabalhemos em prol das
ovelhas desgarradas para que no mundo do além estejamos juntos. Neste mundo sim,
cabem todos! Dentre muitas, uma das imbecilidades humanas é não enxergar que a
diferença é o que constitui a essência e, dá cor as relações entre os seres
carnais. A invenção de uma bíblia para homossexuais não é senão mais um
tentativa de inclusão de uma diferença que não esta sendo contemplada e enxergada
com olhos de alteridade. Ao mesmo tempo em que os religiosos dizem que não
podem adentrar os mistérios de Deus, se acham tão pretensiosos para dizer que,
este mesmo Deus, ofereceu a possibilidade de alguns seres de sua criação não
fazerem mais parte dela, pois estariam amargando as ácidas dores do inferno. Não
percebemos que continuaremos inventando, tantas alternativas, quanto forem
precisas para que construamos um mundo em que caiba todos, loucos, cegos,
homossexuais, idosos, mulheres, crianças, pretos, brancos, azuis, amarelos e
cinzas. A religião, talvez a maior instituição de poder já criada pelo homem, não
irá impedir este movimento de luta por um espaço, um lugar de pertencimento, porque
somos todos humanos. Porém, este mundo que cabe todos, está sendo construído através
da separatividade, da exclusão, das guerras e conflitos, preconceitos e
discriminações sem fundamento. Até quando precisaremos inventar, a custa da separação, para nos
sentirmos pertencentes a este lugar que é nosso? Até quando precisaremos lutar
para garantir a inclusão de todos? Colocar o outro neste processo de pertencimento,
com respeito as diferença, não é senão, nos sentirmos pertencentes à Terra. Ela
é o único lugar que habitamos e é nela que nos experimentamos, sentimos,
choramos, sorrimos, silenciamos e gritamos. Ela aceita a todos e porque insistimos
em separar, abominar, condenar, julgar? Dizemos que “coração de mãe sempre cabe
mais um” o que é a Terra, senão nossa grande Mãe? Que ela venha e nos abrace, porque
cada um será sempre bem vindo.
Éllcio você foi humano em sua postagem. Linda, acolhedora, humanizante e pacificadora. Que importa nós sermos brancos, verdes, belos, magros, gays, héteros ou o que for, se não couber dentro de nós o sentimento mais bonito: o respeito ao próximo. Respeito sem medida! Obg pela partilha...
ResponderExcluirMuito bem escrito, amor. Sempre refazendo o nosso pensar.
ResponderExcluir"Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência."
Karl Marx