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Quando pensei em criar o blogger foi para dar vida aos meus escritos, fazê-los participarem da vida das pessoas. O nome se refere as possibilidades de sentido que damos a nossa existência, portanto, mais do que qualquer sentido psicológico eu busco determinados sentidos existenciais nesta aventura inédita que é ser.


quarta-feira, 29 de maio de 2013

Igreja para homossexuais: invenção, salvação e alteridade

Esta semana fiquei sabendo da existência de uma igreja para homossexuais e o uso de uma bíblia específica que norteia as práticas espirituais no templo de Deus. Verdade ou não, este fato me chamou a atenção. Parei para pensar na capacidade de inventividade humana e o quando este livro, que chamam de sagrado, é fruto desta capacidade. Com todo o respeito que as crenças alheias e as religiões merecem, este notícia reforçou, em mim, a ideia de que este manual de práticas espirituais e matérias não é senão uma invenção muito bem elaborada pela mente humana. Um livro sagrado que contém todos os códigos de conduta para guiar os comportamentos humanos, com isso direcionar as almas para o bom caminho e o encontro com o ser supremo. A salvação. Ah, a salvação! Quem não a quer, tendo em vista a consciência de culta que a todos atormenta. Vivemos no mundo marcado pela separatividade, exclusão-reclusão, inclusão mal sucedida e segregação. Se não conseguimos juntar todos do planeta Terra ao menos trabalhemos em prol das ovelhas desgarradas para que no mundo do além estejamos juntos. Neste mundo sim, cabem todos! Dentre muitas, uma das imbecilidades humanas é não enxergar que a diferença é o que constitui a essência e, dá cor as relações entre os seres carnais. A invenção de uma bíblia para homossexuais não é senão mais um tentativa de inclusão de uma diferença que não esta sendo contemplada e enxergada com olhos de alteridade. Ao mesmo tempo em que os religiosos dizem que não podem adentrar os mistérios de Deus, se acham tão pretensiosos para dizer que, este mesmo Deus, ofereceu a possibilidade de alguns seres de sua criação não fazerem mais parte dela, pois estariam amargando as ácidas dores do inferno. Não percebemos que continuaremos inventando, tantas alternativas, quanto forem precisas para que construamos um mundo em que caiba todos, loucos, cegos, homossexuais, idosos, mulheres, crianças, pretos, brancos, azuis, amarelos e cinzas. A religião, talvez a maior instituição de poder já criada pelo homem, não irá impedir este movimento de luta por um espaço, um lugar de pertencimento, porque somos todos humanos. Porém, este mundo que cabe todos, está sendo construído através da separatividade, da exclusão, das guerras e conflitos, preconceitos e discriminações sem fundamento. Até quando precisaremos inventar, a custa da separação, para nos sentirmos pertencentes a este lugar que é nosso? Até quando precisaremos lutar para garantir a inclusão de todos? Colocar o outro neste processo de pertencimento, com respeito as diferença, não é senão, nos sentirmos pertencentes à Terra. Ela é o único lugar que habitamos e é nela que nos experimentamos, sentimos, choramos, sorrimos, silenciamos e gritamos. Ela aceita a todos e porque insistimos em separar, abominar, condenar, julgar? Dizemos que “coração de mãe sempre cabe mais um” o que é a Terra, senão nossa grande Mãe? Que ela venha e nos abrace, porque cada um será sempre bem vindo.