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Quando pensei em criar o blogger foi para dar vida aos meus escritos, fazê-los participarem da vida das pessoas. O nome se refere as possibilidades de sentido que damos a nossa existência, portanto, mais do que qualquer sentido psicológico eu busco determinados sentidos existenciais nesta aventura inédita que é ser.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Até que fim alguém resolve fazer algo pela digna censura musical.



A Deputada Estadual Luiza Maia PT - BA resolve elaborar um projeto de lei que proíbe órgãos públicos de contratarem shows das bandas que cantam músicas com letras que denigrem a imagem da mulher, como por exemplo: “me dá, me dá, patinha, me dá, sua cachorrinha”. Nobre iniciativa deputada, já era tempo de isso acontecer. Ouvimos todos os dias este tipo de música chula e fechamos os ouvidos para o que ela representa. Os pagodeiros, swingueiros, que as cantam dizem que a intenção é apenas proporcionar alegria, que eles respeitam as mulheres, que elas mesmas dançam as músicas... O pior de tudo é que algumas mulheres compram estes argumentos baratos. Primeiro pensem uma coisa, quem compõe estas músicas são homens ou mulheres? Resposta: Homens Quem cantam? Resposta: Homens.
Esta música nada mais é do que uma contra reforma do movimento feminista, ou seja, um movimento de estancar a tomada de autonomia e poder alcançado pela mulher no século XXI. São homens querendo ludibriar a lucidez feminina oferecendo a elas pequenas doses de auto-desvalor, misturadas com um swing servil. Ritmadas pela musicalidade, pelo bailar do corpo entregue ao saciar dos movimentos sensuais, deixam-se arrastar como lagartas ignóbeis impregnadas de ignorância reproduzindo a mesma servidão de outrora ao machismo patriarcal.
Dançamos o ritmo e esquecemos a letra para obscurecer que a mulher dança sua própria descompostura, esquecemos a letra porque não é importante que a mulher tenha consciência de que ela é "escrava", "cachorra", que merece ser tratada como objeto abjeto nas mãos dos “seres superiores da criação”. Os homens que apóiam estas letras nas músicas de pagode, forró, tecno-brega ou outros, desejam que a mulher permaneça no mesmo lugar de sempre, na reserva ou na cozinha. Estas músicas são o próprio incentivo a violência de gênero, ao abuso e exploração da imagem do feminino nos dias hodiernos.
A dignidade começa pelo reconhecimento do lugar que se ocupa na sociedade e pela consciência do sentido acerca do modo de produção de sua representação social. Compactuar com este gênero musical produzido, por homens, é desconsiderar toda uma jornada de luta em prol da conquista do direito do respeito social, alcançado pela mulher, do usufruto da liberdade e da possibilidade de fortalecimento de uma existência autônoma e empoderada, eminentemente feminia.

3 comentários:

  1. Concordo com essa iniciativa. Pelo menos é uma forma de dar "um tapa" na cara do povo para despertarem e fazer com quê lembrem dos valores éticos e morais que que se perderam ao longo dos últimos tempos. *^_^*

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  2. Principalmente na perspectiva da conquista da autonomia.

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  3. Até onde se limita a liberdade ao gosto e à expressão? Valores pós-moldados frutos de uma herança machista e capitalista - que influenciam(aram) várias gerações - são impostos cotidianamente para ser absorvido por uma parcela semiletrada e pronta a ser influenciada por toda mídia e moda passageira. Deixo aqui minha pergunta: O que seria realmente cultura? Expressão da arte neoclássica contemporânea aderido a valores secularmente definidos ou o que está dia-a-dia na boca e gosto(?) da maioria?

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